A publicidade é essencial na vida das
empresas, o que faz com que as corporações de mídia movimentem orçamentos
gigantescos. As mídias tradicionais, como rádio, televisão, jornais e revistas
dominavam esse mercado. Na década de 90 observamos a chegada da Internet e com
ela uma mudança radical na forma de como a informação é consumida.
Em um primeiro momento chegaram os
diretórios e os portais, depois os meios de busca, os vídeos, seguidos das redes
sociais. Nos últimos dez anos olhamos os gráficos da quantidade de pessoas que
entram na internet e hoje somos mais de 2 bilhões, com taxas de crescimento
exponenciais. Conforme estudos do eMarketer, os gastos publicitários na
internet já ultrapassaram os jornais e revistas juntos e o próximo passo é
ultrapassar a TV.
Tendo em vista esse crescimento,
inúmeros negócios foram criados para aproveitar essa oportunidade e o aumento
da audiência, que cresce a taxas de dois dígitos todos os anos. Porém, tivemos um
fenômeno no último ano onde a quantidade de page views das principais
propriedades de internet caíram ou tiveram um crescimento muito abaixo do
esperado.
A tendência agora é que essa audiência
comece a cair mais e mais e que todos esses modelos baseados em page views
percam força, isto é, uma fortíssima disruptura nos modelos de negócios atuais
e que estão por vir.
Por que isso ocorre? O acesso a
internet está saindo do computador e os modelos de negócio que se estabeleceram
devem mudar agora para não desaparecerem no futuro. Os usuários acessam o
conteúdo por meio de múltiplos dispositivos com formatos diferentes e isso faz
com que, mesmo com o crescimento da internet, a audiência dos sites caiam, as
projeções financeiras comprometam-se e as despesas com servidores e TI
aumentem. Eu chamo isso de Onipresença da Informação.
Vamos exemplificar, a rede social
japonesa MIXI tinha 85% do seu tráfego oriundo de desktops ou notebooks em 2005
e 15% do seu tráfego vinha de dispositivos móveis. Em 2010 esse gráfico se
inverteu e 85% do acesso provêm de dispositivos móveis. Imagina se todo o
modelo de negócios fosse atrelado apenas a publicidade, venda de banners ou
links? O sucesso teria destruído a empresa, pois sem fonte de receita no
mobile, o seu faturamento poderia cair 85% em cinco anos.
Outro ponto importante é que o acesso
a informação de um usuário comum pode variar. O conteúdo que era consumido via
um computador, hoje pode ser consumido de várias formas diferentes como
aplicativos mobile, para computadores, SmartTvs, tablets, kindles entre outros.
Por meio do conceito da Onipresença da
Informação podemos ajudar a explicar situações como o porque da queda das ações
do Facebook, isto é, se o fenômeno da Mixi ocorrer com o Facebook e 85% da sua
audiência passar a acessar pelo mobile, os resultados serão comprometidos e se
não existir um modelo de monetização no mobile a capacidade de crescimento da
empresa ficará comprometida.
Outro aspecto que podemos ressaltar é
por que o Facebook pagaria 1 bilhão de dólares por uma empresa sem faturamento
como o Instagram? Esse valor exemplifica o desespero de conquistar um mercado
que não é o dos desktops e notebooks e sim o dos celulares, já que o aplicativo
do Instagram crescia a taxas maiores do que as do Facebook.
Temos que estar atentos a essa mudança
de mercado. Na Onipresença da Informação, uma decisão de tecnologia errada pode
comprometer bilhões. Em recente palestra de Mark Zuckerberg, no Tech Crunch
Disrupt, ele disse que um dos maiores erros do Facebook foi ter apostado no
HTML5 para a produção do seu aplicativo, ele afirmou que se antecipou a uma
tecnologia que não estava madura o suficiente.
Quando se trata da Onipresença da
Informação é revelante destacarmos que deve-se tratar com diferentes variáveis
e tecnologias para construir uma empresa ou um produto que atenda o seu
público.
Se você estiver usando o computador,
além dos sites na internet, você deve criar aplicativos para MAC e para o
Window 8, eles permitirão que você use todo o poder de processamento do computador
e o acesso a internet para trazer mais interatividade aos usuários.
Já os dispositivos móveis, têm acesso
a internet, a localização do usuário, além de permitir o uso de tecnologias
como acelerômetro, giroscópio, NFC entre outras. Tudo isso está à disposição
para melhorar a experiência do seu conteúdo.
Outro dispositivo que não deve ser
ignorado é a própria SmartTV, que permite que você crie aplicativos que rodam
na TV, além de novos produtos que têm saído, como relógios Bluetooth, que
acessam os dados do seu celular, entre outros.
Se não bastasse toda essa miríade de
produtos, é importante pensar em como eles interagem entre si. Podemos ter
aplicativos em smartphones e tablets que sirvam de suporte para assistir
televisão tornando o programa mais interativo. Por exemplo, podemos assistir um
seriado e ao mesmo tempo, no ipad termos informações adicionais sobre o
capítulo, além de poder conversar e interagir com meus amigos durante o
programa.
A Onipresença da Informação veio para
ficar e devemos pensar em modelos de negócio que atendam essas necessidades.
Muitos modelos atuais, baseados em Page Views, devem se reinventar e tudo isso
deve ser feito em menos de dois anos, se não pode ser tarde demais. Eu posso
afirmar que muitas empresas de internet de sucesso deixarão de existir em pouco
tempo e esse fenômeno vai chegar mais rápido do que o mundo corporativo está
acostumado.
Guga
Stocco é Vice Presidente de Desenvolvimento de Negócios do Buscapé Company.
Atua a frente de empresas de sucesso no mercado de e-commerce, como Lomadee,
plataforma de publicidade online; SaveMe, maior agregador de sites de compras
coletivas da América Latina. Além disso, acumula também a Vice Presidência de
Mobile do Grupo.