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O adeus a Fernando Pacheco Jordão

15/09/2017 10:51:00

Na manhã desta quinta-feira, dia 14 de setembro, o Brasil perdeu um de seus maiores expoentes no Jornalismo. Após mais de uma década de luta contra problemas de saúde, faleceu aos 80 anos de idade, em virtude de falência múltipla de órgãos, Fernando Pacheco Jordão.

Fernando Pacheco Jordão começou no jornalismo em 1957, como redator e locutor de rádio-jornal, na antiga Organização Victor Costa em São Paulo, que abrangia as rádios Nacional, Excelsior e Cultura. Passou depois para a Radio Difusora, dos Diários Associados, onde foi secretario dos rádio-jornais e também locutor. Durante dois anos acumulou esse trabalho em rádio com o de copydesk no jornal O Estado de S. Paulo. Mais tarde atuou na TV Excelsior, como editor e apresentador do “Show de Notícias”, um telejornal diário que inovou o jornalismo televisivo e, em 1964, foi contratado pelo Serviço Brasileiro da BBC em Londres, onde se reencontrou profissionalmente com Vladimir Herzog, com quem havia trabalhado em O Estado de São Paulo.

Em seu regresso ao Brasil, em 1968, foi convidado a atuar na TV Cultura, onde criou o jornalismo com o programa “Foco na Noticia”, que posteriormente passou a se chamar “Hora da Noticia”. Também produziu programas didáticos, documentários e até dirigiu um teleteatro que foi premiado num festival interno. Em 1974 foi para a TV Globo, onde editou o Jornal Nacional em São Paulo e a seguir tornou-se diretor do Globo Repórter.

Diretor do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na época do assassinato de Vladimir Herzog, escreveu o livro “Dossiê Herzog – prisão, tortura e morte no Brasil”, hoje sua sexta edição, que constitui documento fundamental para a história de nosso país.

Fernando Pacheco Jordão trabalhou na TV Globo até 1979. Depois disso ainda foi correspondente da revista IstoÉ em Londres e da Editora Abril em Paris, quando se despediu das redações, atuando a seguir como assessor de imprensa em campanhas eleitorais.

Uma história de luta e questionamentos

Amigo íntimo de Vladimir Herzog desde quando trabalharam no “Estadão”, e a quem reencontrou ao ir para a BBC, em Londres, Jordão teve papel essencial nos atos seguintes ao assassinato de Vladimir nas dependências do Doi-Codi, em São Paulo, no ano de 1975, em plena ditadura militar. Era então diretor do Sindicato dos Jornalistas e foi o braço direito do presidente Audálio Dantas na resistência que culminou com o ato ecumênico na Catedral da Sé e no documento “Em nome da verdade”, assinado por 1004 jornalistas, que exigiu explicações das autoridades na época e desmontou a farsa criada para encobrir os assassinatos ocorridos nos porões do regime militar.

Jordão deixa a esposa, a socióloga Fátima Jordão, além de três filhos e sete netos. O velório ocorreu no prédio da TV Cultura, e seu corpo foi cremado hoje, no crematório da Vila Alpina, em São Paulo.



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