O Relações
Públicas e professor Marcelo Ficher fez uma provocação ao iniciar sua
apresentação, no segundo dia do Seminário de Comunicação BB e Previ, que a Mega
Brasil Comunicação realiza até amanhã no Centro Cultural Banco do Brasil, no
Rio de Janeiro. Segundo ele, o momento
pelo qual vivemos é "a crise da imagem do discurso e do discurso da
imagem, o que gera uma mudança comportamental sem precedentes. Ficher fez um panorama da quantidade de
dicotomias que vivemos como consequência da mudança comportamental que tem
submergido das tecnologias cada vez mais disponíveis, amigáveis, e deu dicas de como dar a volta por cima.
O desafio
foi abordar o tema "Tendências de comportamento e oportunidades de
comunicação" e o resultado não poderia ter sido outro que não uma plateia
atenta e antenada em todo o discurso.
A era dos RPs
Marcelo
Ficher disse que um dos exemplos mais icônicos de como o grau de exposição a
que o ser humano passou a ficar exposto com as novas demandas geradas a partir
das novas tecnologias foi o caso da gaúcha que xingou o jogador, chamando-o de
macaco. "Sua atitude, em outras eras ignorada, porque vivenciada longe do
interesse das câmeras, passou a refletir o grau de exposição ao qual passamos a
ficar todos expostos, a partir das atitudes que tomamos", explicou. E não são poucas as dicotomias que passamos a
enfrentar como decorrência dessa exposição: privacidade x público; vida online
x offline; fidelidade do seu jeito de ser x percepção do que se espera que
sejamos para alcançarmos um objetivo ou exposição técnica x espontaneidade ou
autenticidade; interesses locais x regionais + tecnologia e conexões x
simplicidade e naturalismo.
Ficher
lembrou que o papel dos comunicadores é cada vez mais fundamental, porque nunca
foi tão importante ter ética e transparência em um momento em que para perder
uma reputação que leva-se anos para construir, basta um post. Para ele, devemos
ser a consciência interna (de nós mesmos e de nossas organizações) que vai nos
proteger da vigilância externa, e o dilema está em identificar nossa
responsabilidade nos processos de disputa pela audiência online e pelo que é
genuinamente da esfera pública e privada. "Vivemos a era dos RPs, que vão trabalhar
a identidade com foco nas consequências; arrumar a casa antes de abri-la para
as visitas. É preciso saber em todas as esferas da Comunicação o que nosso
trabalho é capaz de gerar de consequência para nós, nossas organizações e
nossas marcas", disse.
Tendências e desafios
Como
tendências, Marcelo Ficher citou a revalorização do mundo real, a simplificação
da vida e a volta da experiência própria, de presenciar coisas, não apenas ler
relatos da vida dos outros. Como
desafios, os profissionais de comunicação deverão combater o mito da falta de
fiscalização e tratar o discurso como ação: "É preciso fazer mais e falar
menos, para recuperar a confiança sobre o que fazemos", complementou.
|